Os 8 Maiores Clássicos da SNK: Uma viagem pela era dourada dos arcades
A SNK não criou apenas jogos — criou um território inteiro dentro da memória dos gamers. Um universo onde tanques rabugentos, espadachins espirituais, lutadores com sotaques variados e soldados elétricos coexistem em perfeita turbulência.
Quando seus jogos chegavam ao arcade, parecia que a máquina acendia de dentro para fora. E, por décadas, essa aura manteve a empresa como uma das forças centrais da cultura dos fliperamas.
Nesta versão renovada da lista, revisitamos oito títulos essenciais da SNK, recontando o brilho de cada um como se abríssemos uma caixa velha de fichas escondida no fundo do armário.
Shock Troopers (1997): O jogo que te puxa pela gola e diz “corre!”
Se fosse um filme, teria cortes rápidos, trilha barulhenta e heróis que nunca perdem o fôlego.
“Shock Troopers” entrega ao jogador aquela sensação de missão impossível, onde correr e atirar formam um único gesto. O jogo vibra com variedade, permitindo caminhos diferentes e convidando a experimentar armas que parecem ter sido projetadas numa base militar experimental.
Cada fase é um turbilhão tão denso que, quando você chega ao chefe, está quase convencido de que o controle também está suando.
Metal Slug (1996): O caos mais elegante já animado
É estranho que um jogo tão barulhento seja, ao mesmo tempo, tão visualmente delicado.
“Metal Slug” é pintura em movimento: explosões com personalidade, soldados bobos, veículos com pequenos tiques nervosos. Tudo respira, tudo brinca com a própria gravidade.
Marco e Tarma percorrem cenários que mudam como páginas de quadrinhos, saltando de trincheiras para desertos, de desertos para laboratórios, de laboratórios para… alienígenas. Aqui, a coerência não importa — apenas o prazer puro de destruir inimigos com um sorriso estampado no rosto.
The King of Fighters ’98 (1998): Um monumento em forma de jogo
Você não joga “KOF ’98”. Você participa.
É a celebração suprema da série: personagens reunidos, movimentos refinados, equilíbrio tão preciso que ainda hoje serve como referência em torneios. Não há trama para acompanhar, e isso só fortalece a identidade do jogo — ele é uma vitrine viva de tudo o que a SNK sabia fazer de melhor nos anos 90.
A cada luta, parece que o game sussurra: “Escolha bem. Essa rodada pode virar lenda.”
Real Bout Fatal Fury (1995): Uma mudança de pele
Se “Fatal Fury” já era forte, “Real Bout” chegou para lapidar.
O jogo simplifica comandos, introduz o Power Gauge e cria batalhas limpas, diretas, de ritmo acelerado. Ele parece entender o público do arcade: quem está na fila quer ver espetáculo rápido, mas profundo.
A atmosfera lembra um campeonato clandestino, desses que acontecem em becos, mas carregam uma glória quase esportiva.
Garou: Mark of the Wolves (1999): A virada de geração
É raro um jogo de luta transmitir tanto sentimento sem uma palavra.
Rock Howard — o protagonista que carrega os pecados do pai — e Terry Bogard — agora mentor — constroem um jogo que marca o fim de uma era e o início de outra.
A jogabilidade abandona experimentos antigos e abraça precisão absoluta. Cada golpe parece nascer de uma decisão calculada. Cada acerto soa como uma declaração.
É um título precioso, desses que se transformam em referência até para quem nunca jogou.
Art of Fighting 2 (1994): O drama como técnica de combate
A série “Art of Fighting” sempre tratou seus personagens como se fossem astros de novela policial.
No segundo jogo, tudo ganha mais intensidade: provocações, barras que sobem e descem, golpes especiais que carregam o peso emocional das rivalidades.
É uma obra que abraça a teatralidade e transforma cada luta em um pequeno duelo de orgulhos feridos. A SNK criou aqui um tipo de tensão que outros jogos só aprenderiam anos depois.
Samurai Shodown II (1994): Quando cada corte decide um destino
“Samurai Shodown II” não é apenas um jogo de luta; é um ritual.
O tempo de cada golpe, o silêncio antes de avançar, o impacto seco da lâmina — tudo cria uma profundidade que impressiona até quem vê de longe.
A SNK colocou guerreiros do mundo inteiro diante de Mizuki Rashojin, e cada duelo parece carregar uma história completa dentro de poucos segundos.
Entre todos os clássicos da empresa, este é o que mais se aproxima de uma poesia violenta.
World Heroes Perfect (1995): História, fantasia e pancadaria
A série “World Heroes” sempre gostou de juntar ícones de épocas diferentes e colocá-los para lutar como se o multiverso fosse um parque de diversões.
O capítulo “Perfect” entrega controles mais precisos, golpes mais dramáticos e um elenco deliciosamente excêntrico. É o tipo de jogo onde Zeus pode trocar socos com Capitão Kidd enquanto Joana d’Arc observa, pronta para intervir com sua espada santificada.
Caótico? Sim. Divertido? Mais do que deveria ser permitido.
Um legado que continua aceso
A SNK é uma daquelas empresas que não lançavam jogos — lançavam memórias.
De arcades cheios de alunos matando tempo antes da aula a consoles domésticos que aqueciam salas nas noites de fim de semana, sua influência se espalhou como um fio elétrico que nunca para de vibrar.
E enquanto seus clássicos continuarem sendo revisitados, sua chama continuará acesa, iluminando a nostalgia de milhões de jogadores.



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