OMS estabelece novas diretrizes para infertilidade e reforça importância do cuidado integrado
Resumo da notícia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta sexta-feira (28), suas primeiras diretrizes globais sobre infertilidade, que visam ampliar o acesso a diagnóstico e tratamento da condição.
A infertilidade afeta cerca de 1 em cada 6 pessoas em idade reprodutiva, causando impactos médicos, emocionais e sociais.
O documento enfatiza prevenção, avaliação precoce, tratamentos baseados em evidências e a necessidade de apoio psicológico e social aos indivíduos e casais.
Infertilidade: dimensão e desafios globais
A infertilidade é definida como a incapacidade de engravidar após 12 meses de relações sexuais regulares sem proteção, podendo afetar tanto homens quanto mulheres.
Embora seja uma condição comum, muitos países não oferecem acesso adequado a diagnóstico e tratamento, fazendo com que milhões de pessoas enfrentem frustração, estresse e custos elevados.
Especialistas destacam que o problema é ainda mais complexo em regiões com menor infraestrutura de saúde, onde políticas públicas muitas vezes negligenciam a fertilidade.
Além disso, fatores sociais e culturais podem reforçar o estigma, dificultando que indivíduos busquem tratamento adequado e recebam suporte emocional necessário.
Objetivos das diretrizes da OMS
O documento publicado pela OMS tem como principais objetivos:
- Prevenção da infertilidade, orientando sobre hábitos de vida saudáveis e fatores de risco.
- Diagnóstico precoce, integrando avaliações reprodutivas à atenção primária à saúde.
- Tratamento baseado em evidências, priorizando eficácia, custo-benefício e acompanhamento emocional.
A OMS recomenda que sistemas de saúde e governos incluam a infertilidade nas políticas públicas, garantindo que todas as pessoas tenham acesso a cuidados de fertilidade de qualidade.
Prevenção: hábitos que impactam a fertilidade
Entre as estratégias de prevenção destacadas pela OMS estão:
- Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e manutenção de peso adequado.
- Evitar fatores de risco: consumo de álcool, tabagismo, drogas e exposição a toxinas ambientais.
- Orientação pré-concepção: aconselhamento sobre hábitos que aumentem a fertilidade antes da tentativa de gravidez.
Essas medidas, embora simples, são essenciais para reduzir a incidência de infertilidade e aumentar a eficácia de tratamentos subsequentes.
Diagnóstico: avaliação completa e individualizada
A OMS recomenda que o diagnóstico de infertilidade seja completo e personalizado, considerando histórico médico, exames laboratoriais, ultrassonografias e outros testes reprodutivos.
O diagnóstico precoce permite identificar problemas subjacentes rapidamente, possibilitando intervenções mais eficazes.
Profissionais de saúde devem:
- Avaliar o casal de forma integrada, levando em conta aspectos físicos e emocionais.
- Considerar fatores de risco ambientais e comportamentais que possam interferir na fertilidade.
- Garantir que os pacientes recebam informações claras sobre as opções de tratamento e seus riscos.
Tratamento e acompanhamento
As diretrizes reforçam que o tratamento da infertilidade deve ser evidenciado cientificamente e adaptado às necessidades do paciente.
Alguns pontos fundamentais incluem:
- Opções menos invasivas inicialmente, como técnicas de suporte à ovulação ou inseminação artificial, antes de recorrer a métodos mais complexos.
- Acompanhamento contínuo, incluindo suporte psicológico, especialmente em casos de infertilidade prolongada ou tratamentos frustrantes.
- Transparência no planejamento, discutindo custos, tempo de tratamento e potenciais efeitos colaterais.
O cuidado integral, que combina suporte clínico e emocional, aumenta significativamente as chances de sucesso e melhora a experiência do paciente.
Redução de desigualdades e acesso global
A desigualdade no acesso a tratamentos de infertilidade é uma preocupação central. Países de baixa renda frequentemente enfrentam barreiras financeiras, logísticas e estruturais que dificultam o cuidado adequado.
A OMS recomenda que governos:
- Incluam infertilidade em políticas de saúde pública e priorizem recursos para o atendimento reprodutivo.
- Ofereçam financiamento ou subsídios para tratamentos essenciais, garantindo que o acesso não dependa exclusivamente de recursos privados.
- Capacitem profissionais de saúde para fornecer atendimento de qualidade em regiões remotas ou com infraestrutura limitada.
Essas ações visam reduzir desigualdades e promover equidade no cuidado reprodutivo global.
Impactos psicológicos e sociais
A infertilidade não é apenas uma questão médica; ela afeta a saúde mental e a vida social dos indivíduos e casais.
A OMS recomenda:
- Avaliação psicológica para identificar sinais de depressão, ansiedade e estresse relacionados à infertilidade.
- Suporte social, envolvendo parceiros, familiares e grupos de apoio, para reduzir sentimentos de isolamento.
- Educação e comunicação abertas sobre infertilidade, visando diminuir o estigma e promover compreensão social.
Cuidar do aspecto emocional é tão importante quanto tratar a condição física, garantindo bem-estar integral e melhores resultados clínicos.
Implementação e desafios
Para implementar as diretrizes de forma eficaz, a OMS orienta:
- Treinamento de profissionais de saúde sobre práticas baseadas em evidências.
- Criação de protocolos padronizados para prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento.
- Monitoramento contínuo para avaliar eficácia, segurança e acessibilidade dos serviços.
Entre os desafios estão diferenças culturais, barreiras financeiras e necessidade de atualização constante das práticas médicas.
Ainda assim, especialistas acreditam que, com investimento, educação e políticas públicas inclusivas, é possível reduzir significativamente os impactos da infertilidade no mundo.
Perspectivas para o futuro
A publicação dessas diretrizes representa um marco na saúde reprodutiva global. Espera-se que elas:
- Incentivem governos a priorizar o cuidado reprodutivo.
- Melhorar o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos eficazes.
- Promovam apoio psicológico e social para indivíduos e casais afetados.
Com a aplicação correta das recomendações, milhões de pessoas poderão ter acesso a cuidados de qualidade, reduzindo sofrimento, custos desnecessários e desigualdades no tratamento da infertilidade.
Conclusão
As diretrizes da OMS estabelecem um padrão global para prevenção, diagnóstico e tratamento da infertilidade, reconhecendo a condição como um problema médico, social e psicológico relevante.
A integração de cuidados clínicos, apoio emocional e políticas públicas inclusivas representa um avanço significativo para milhões de pessoas que enfrentam desafios reprodutivos.
A implementação dessas recomendações será determinante para reduzir desigualdades, melhorar resultados clínicos e garantir bem-estar emocional, criando um cuidado reprodutivo mais justo e efetivo em todo o mundo.
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