A crise da Ambipar e o impacto no mercado financeiro brasileiro
A Ambipar, uma das maiores multinacionais brasileiras no setor de serviços ambientais, enfrenta em 2025 a maior crise financeira de sua história. A empresa viu suas ações despencarem e precisou recorrer à Justiça para proteger o caixa. Esse cenário de instabilidade decorre de contratos financeiros complexos e da falta de liquidez imediata.
Movimento financeiro que detonou a crise
Em setembro de 2025, a Ambipar assinou um aditivo a um contrato de swap cambial no valor de R$ 3 bilhões. A operação atrela as garantias ao desempenho dos seus próprios títulos corporativos. Como consequência, o grau de risco aumentou de forma brusca e gerou chamadas de margem milionárias. Em apenas 48 horas, a liquidez da companhia foi severamente comprometida, surpreendendo investidores e analistas.
Reação do mercado e queda das ações
Logo após o anúncio, as ações da Ambipar despencaram mais de 24% em um dos piores pregões da história recente da bolsa. O valor de mercado evaporou em bilhões de reais. Além disso, os títulos de dívida (bonds) negociados em dólar sofreram quedas violentas, sendo cotados abaixo da metade do valor nominal. Essa volatilidade acelerou a saída de investidores e intensificou a desconfiança no crédito da empresa.
Tutela cautelar e proteção judicial
Para evitar um colapso imediato, a Ambipar obteve uma tutela cautelar na Justiça. A decisão suspende execuções e vencimentos antecipados por 30 dias, prorrogáveis. Apesar de oferecer um fôlego temporário, a medida aumentou os temores sobre uma possível recuperação judicial. Portanto, os riscos para acionistas, investidores e parceiros comerciais permanecem elevados.
Desafios de governança e transparência
A crise também expôs falhas de governança. Em 2024 e 2025, surgiram críticas à transparência da empresa, principalmente relacionadas ao uso de fundos de direitos creditórios (FIDCs). Parte relevante do caixa estava alocada nesses veículos, mas com liquidez restrita. Além disso, a saída recente do CFO e de outros executivos-chave agravou a instabilidade. Em consequência, o mercado passou a questionar ainda mais a credibilidade da gestão.
Consequências e perspectivas
O endividamento da Ambipar já ultrapassa R$ 11 bilhões, o que torna inevitável uma reestruturação. Analistas alertam que os riscos de inadimplência e diluição acionária são elevados. Por outro lado, há espaço para ajustes. A inclusão de conselheiros independentes e a melhoria na governança podem ajudar a recuperar a confiança. Ainda assim, será necessário agir rápido para restaurar a liquidez e renegociar dívidas.
Conclusão
A crise da Ambipar serve como alerta para os riscos de empresas que crescem de forma acelerada e se expõem fortemente a derivativos. O desafio imediato é restabelecer liquidez e transparência. Caso contrário, a recuperação judicial pode se tornar inevitável. Portanto, investidores devem acompanhar de perto os desdobramentos e agir com cautela.
Share this content:
Publicar comentário