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Instabilidade nos aplicativos de Bradesco e Santander marca a Black Friday e preocupa consumidores

Instabilidade nos aplicativos de Bradesco e Santander marca a Black Friday e preocupa consumidores

Falhas digitais geram avalanche de reclamações em dia de alto fluxo financeiro

Resumo

Nesta sexta-feira de Black Friday, os aplicativos do Bradesco e do Santander apresentaram instabilidade e deixaram milhares de clientes sem acesso às contas. Segundo o Downdetector, o Bradesco ultrapassou 1.000 reclamações até 12h44, enquanto o Santander somou cerca de 700 queixas por volta das 10h. Embora ambos os bancos afirmem que os sistemas foram restabelecidos, o episódio ocorre justamente em uma das datas de maior movimentação financeira do ano, marcada pela primeira parcela do 13º salário e por um volume extraordinário de PIX e pagamentos. A seguir, uma análise aprofundada do impacto, das reações e dos motivos por trás da instabilidade.


Manhã de Black Friday começa com travamentos inesperados

A Black Friday costuma transformar a internet brasileira em uma gigantesca avenida digital, onde cada clique funciona como um carro entrando em movimento acelerado. Entretanto, logo nas primeiras horas desta sexta-feira, os clientes do Bradesco e do Santander perceberam que essa avenida estava mais para um engarrafamento.

Ainda cedo, relatos tomaram as redes sociais. Muitos usuários tentaram abrir os aplicativos apenas para encontrar telas congeladas, erros de autenticação ou mensagens informando indisponibilidade temporária. Além disso, o PIX — estrela absoluta do cotidiano financeiro — simplesmente não concluía operações.

O Downdetector começou a registrar um fluxo crescente de notificações. Por volta das 12h44, o Bradesco já acumulava mais de 1.000 reclamações. Ao mesmo tempo, o Santander somava cerca de 700 notificações por volta das 10h. Essas marcas refletem um cenário em que a instabilidade não foi isolada, mas sim um fenômeno notado simultaneamente em duas grandes instituições bancárias.

O curioso é que as falhas não ocorreram em horários distintos, e sim dentro da mesma janela de pico, o que reforça a hipótese de que o aumento expressivo na demanda teve papel determinante.

Bancos tentam tranquilizar usuários em meio ao caos digital

Pouco tempo depois das reclamações se espalharem, o Santander divulgou que o aplicativo já estava funcionando “normalmente”. A instituição não detalhou a origem dos erros, mas garantiu que a plataforma havia sido restabelecida.

O Bradesco, por sua vez, afirmou que houve uma “intermitência momentânea”, porém reforçou que todos os serviços estavam operando normalmente após as correções.

Mesmo assim, muitos usuários seguiram relatando falhas. Comentários surgiram em plataformas como X (antigo Twitter), Facebook e até TikTok. Parte deles incluía desde reclamações diretas até capturas de tela demonstrando a impossibilidade de realizar PIX, pagar boletos ou acessar funções simples do app.

Por mais que as declarações oficiais tentassem suavizar o cenário, o episódio deixou claro como a confiança do usuário é sensível. Apenas algumas horas de instabilidade são suficientes para criar a sensação de vulnerabilidade — especialmente quando o sistema financeiro se torna cada vez mais dependente da digitalização.

Por que a Black Friday aumenta a chance de falhas?

Para compreender o impacto desse tipo de instabilidade, é importante observar o ambiente em que ela ocorre. Durante a Black Friday, milhões de consumidores realizam compras simultâneas, seja em lojas físicas, seja em plataformas online. Consequentemente, há um aumento significativo de:

• transações via PIX
• pagamentos com cartão virtual
• emissões e leituras de boletos
• consultas de saldo e limite
• uso intenso de bancos digitais e tradicionais

Além disso, o recebimento da primeira parcela do décimo terceiro salário, pago justamente no período, impulsiona ainda mais a movimentação financeira.

Com essa combinação, as plataformas enfrentam um cenário no qual o volume de acessos cresce de forma explosiva. Essa pressão constante, somada a atualizações internas rotineiras, pode gerar gargalos inesperados. Assim, quando dois dos maiores bancos do Brasil apresentam falhas no mesmo período, tudo indica que houve um pico de demanda que ultrapassou limites de estabilidade.

A repercussão nas redes sociais aumenta a tensão

As redes sociais funcionam como sensores do humor coletivo — e, nesta sexta-feira, elas vibraram no vermelho. Consumidores relataram dificuldades para pagar compras promocionais, autorizar cartões virtuais, transferir valores para comerciantes e até movimentar dinheiro para aproveitar ofertas relâmpago.

Alguns relatos incluíam mensagens de preocupação, como:

“Perdendo oferta porque o PIX do banco não funciona.”

“Preciso pagar um boleto agora e o app simplesmente não abre.”

“Santander travado bem no meio da Black Friday? Difícil defender.”

Houve também memes que circularam rapidamente, transformando a frustração em ironia leve, mas reforçando a gravidade da situação para quem realmente dependia das transações naquele momento.

Essa reação popular evidencia como o brasileiro, cada vez mais habituado à instantaneidade dos meios digitais, espera funcionamento contínuo, inclusive em dias de enorme sobrecarga.

A dependência crescente dos apps bancários

A instabilidade levantou outra discussão relevante: o quanto o consumidor depende dos aplicativos para resolver tarefas diárias. Nos últimos anos, o hábito de ir às agências físicas praticamente desapareceu. Até as operações nos caixas eletrônicos diminuíram.

Hoje, tudo — absolutamente tudo — gira em torno do app:

• pagamentos
• PIX
• consultas
• investimentos
• contratação de serviços
• empréstimos
• cartões digitais

Por essa razão, qualquer interrupção nos aplicativos se transforma em um evento de grande impacto. Em muitos casos, a pessoa sequer possui meios alternativos, já que os cartões físicos viraram opcionais e muitos serviços funcionam exclusivamente pelo celular.

Assim, quando a plataforma central falha, não há muito o que o consumidor possa fazer além de esperar — algo difícil em dias como a Black Friday, que exige agilidade.

Os riscos de instabilidades recorrentes

Ainda que as falhas desta sexta-feira tenham sido momentâneas, episódios assim levantam preocupações sobre a capacidade das instituições financeiras de suportar picos crescentes de demanda. E não é um problema isolado.

Nos últimos dois anos, vários bancos — grandes e pequenos — apresentaram quedas intermitentes durante períodos de alto fluxo. Isso inclui:

• Datas como Black Friday, Natal e Cyber Monday
• Pagamentos de benefícios sociais
• Dias de atualização do PIX
• Manutenções simultâneas em diferentes sistemas

Mesmo com forte infraestrutura, os bancos lidam com redes complexas que precisam atender milhões de usuários em poucos segundos. Qualquer problema em APIs, servidores, integrações ou sistemas de autenticação pode desencadear travamentos em cascata.

Por essa razão, especialistas recomendam que instituições ampliem investimentos em:

• redundância de servidores
• arquiteturas distribuídas
• monitoramento em tempo real
• testes de carga mais agressivos
• inteligência preditiva para picos

A Black Friday funciona como uma espécie de “maratona digital”, e qualquer tropeço se torna evidente para todos.

O que esperar após o episódio?

Diante da repercussão, é provável que Bradesco e Santander divulguem relatórios internos ou comunicados adicionais, especialmente se novas quedas forem detectadas nas próximas horas. Além disso, os consumidores provavelmente continuarão atentos ao comportamento dos aplicativos ao longo do dia, já que o movimento da Black Friday costuma se intensificar até a noite.

Os bancos, por sua vez, devem revisar seus sistemas para evitar que episódios semelhantes ocorram no restante do período de fim de ano, quando o fluxo permanece elevado.

Também é possível que autoridades regulatórias, como o Banco Central, acompanhem a situação. Afinal, a confiabilidade do sistema financeiro digital é um pilar fundamental do mercado atual.

A instabilidade nos aplicativos do Bradesco e do Santander durante um dos dias mais movimentados do ano expõe o quanto o funcionamento dos sistemas bancários se tornou crucial para a rotina da população. Embora os serviços tenham sido normalizados, o episódio revela a necessidade urgente de fortalecer a infraestrutura digital das instituições financeiras, de modo a acompanhar o ritmo acelerado das transações online.

Enquanto isso, consumidores seguem vigilantes, aguardando que os próximos capítulos desta Black Friday — e do mês de dezembro — aconteçam sem novos travamentos.

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